O Open da Austrália não é apenas um simples torneio de ténis; é o pontapé de saída da temporada do Grand Slam, um evento que alia alta performance e uma atmosfera singular. Frequentemente apelidado de "Happy Slam" pela sua ambiência acolhedora, não deixa de ser um desafio colossal para os jogadores devido ao calor estival e aos courts rápidos. Eis um pouco da história sobre este torneio que tanto cativa o mundo do ténis.
Das origens modestas ao "Happy Slam" mundial
A história do Open da Austrália é a de uma ascensão constante, impulsionando-o de um evento distante a um dos quatro maiores torneios de ténis.
Fundado em 1905 sob o nome de "Campeonatos da Australásia", o torneio foi durante muito tempo o menos prestigiado dos Grand Slams, nomeadamente devido à sua distância geográfica. Mudou-se várias vezes de cidade em cidade antes de se estabelecer definitivamente em Melbourne a partir de 1972, e mais especificamente em Melbourne Park em 1988. Esta mudança, juntamente com o abandono da relva para os courts de piso rápido (Rebound Ace, depois Plexicushion, e agora GreenSet), marcou uma viragem. O torneio modernizou-se então, abrindo-se mais aos jogadores internacionais e ganhando o seu cognome de "Happy Slam" graças à sua organização acolhedora e à sua atmosfera festiva.
O desafio do calor e dos courts rápidos
O Open da Austrália distingue-se pelas suas condições de jogo extremas, que colocam os jogadores à prova logo no início do ano.
Realizando-se em pleno verão australiano (janeiro), o calor é um fator preponderante, com temperaturas que podem ultrapassar largamente os 40°C. Os jogadores devem demonstrar uma resistência física e mental excecional, hidratar-se constantemente e, por vezes, até jogar sob tetos fechados para evitar o pior. Os courts de piso rápido (atualmente GreenSet) são reputados por serem rápidos, o que favorece um jogo agressivo, potente e preciso. Isso privilegia os grandes servidores e os batedores, mas exige também uma grande mobilidade e reflexos apurados. A gestão da energia e a capacidade de resistir ao calor são elementos chave para a vitória.
Os recordes e os campeões emblemáticos
O Open da Austrália foi o palco de performances históricas, coroando lendas do ténis que marcaram com a sua pegada o primeiro Grand Slam do ano.
Nos homens, Novak Djokovic é o rei incontestado de Melbourne, detendo o recorde absoluto de títulos em singulares (10 vitórias). A sua dominação neste torneio é sem precedentes, com um jogo ultra-completo perfeitamente adaptado às superfícies rápidas. Outros grandes nomes como Roger Federer (6 títulos) e Andre Agassi também brilharam lá. Nas mulheres, ícones como Serena Williams (7 títulos) marcaram a era moderna pela sua potência e determinação, enquanto lendas australianas como Margaret Court (11 títulos, a maioria antes da era Open) detêm os recordes históricos. O Open da Austrália é frequentemente o revelador das formas do início de temporada e viu muitos feitos memoráveis.
As anedotas do "Happy Slam"
Para além dos recordes, o Open da Austrália é jalonado de histórias e momentos que contribuíram para a sua lenda.
Os tetos retráteis : Face ao calor e aos aguaceiros, Melbourne Park foi pioneiro ao equipar os seus courts principais com tetos retráteis, permitindo prosseguir os jogos quaisquer que fossem as condições.
A mais longa final de Grand Slam : Em 2012, Novak Djokovic e Rafael Nadal defrontaram-se durante 5 horas e 53 minutos na final de singulares masculinos. O jogo terminou à 1h37 da manhã, com uma vitória esmagadora de Djokovic em cinco sets. Exaustos, os dois jogadores necessitaram de cadeiras para a cerimónia de entrega dos troféus.
A atmosfera descontraída : Apesar do que estava em jogo, o torneio mantém uma atmosfera muito apreciada por jogadores e espetadores, com uma grande acessibilidade das instalações e muitos eventos festivos, justificando plenamente o seu cognome de "Happy Slam".
Primeiro Grand Slam a ostentar courts azuis : Em 2008, o torneio operou uma mudança ao adotar uma nova superfície chamada Plexicushion, que se queria menos rápida que a superfície anterior. O Open da Austrália tornou-se assim o primeiro Grand Slam a ostentar courts azuis, uma cor que desde então se tornou emblemática do torneio.
Conclusão: o Grand Slam que dá o tom
O Open da Austrália soube forjar uma identidade única no seio dos Grand Slams. A sua capacidade de se reinventar, o seu desafio climático, os seus courts rápidos e a sua atmosfera acolhedora fazem dele um torneio à parte. Todos os anos, oferece um espetáculo vibrante, revelando as ambições dos jogadores para a próxima temporada e provando que o ténis pode aliar a exigência do desporto de alto nível à alegria do "Happy Slam".
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